fonte: Extra

O Sindicato dos Médicos levará ao Conselho Regional de Medicina (Cremerj) e ao Ministério Público do Trabalho denúncia contra os responsáveis pela UPA de Cabuçu, em Nova Iguaçu. Após a divulgação de fotos que revelam a precariedade vivida por pacientes e profissionais da unidade, a Secretaria estadual de Saúde (SES) ameaça demitir o médico que aparece, em uma das imagens, atendendo sentado numa lixeira.

– Os dirigentes da UPA estão promovendo retaliações ao profissional por ele ter cumprido com o seu papel ao denunciar uma situação incorreta em seu local de trabalho. Quando o médico está diante de uma circunstância em que as condições de trabalho ferem o exercício ético, ele não pode ser conivente com isso. Ele tem o dever de denunciar, todas as vezes, que as condições de trabalho violam o exercício ético profissional. Nenhum médico da UPA pode se valer da sua condição de responsável técnico para demitir alguém que tenha cumprido com o Código de Ética Médica. Quem tem que ser punido por algo é a direção da organização social que administra o local – defende o presidente do Sindicatos dos Médicos, Jorge Darze.

A SES afirmou, nesta quarta-feira, que a UPA de Cabuçu dispõe de cadeiras em todos os consultórios, tanto para profissionais como para pacientes. A coordenação da UPA informou, por meio de nota divulgada pela SES, que conta ainda com cadeiras para substituição, disponíveis no almoxarifado da unidade, em caso de necessidade. Diante dessa alegação, a secretaria afirmou que “a postura do profissional, que tinha cadeiras para trabalhar, não corresponde à postura que se espera de um profissional de saúde”. A nota acrescentou ainda que a SES está apurando, junto à unidade, o motivo pelo qual o profissional sentou na lixeira. “Ele será identificado e o caso é passível de demissão, por falta de postura profissional”, afirmou o texto.

 

A Secretaria de Saúde conluiu a nota dizendo que “reconhece os esforços das equipes das unidades e também as inúmeras dificuldades que vêm sendo enfrentadas por elas neste período de grave crise econômica”.

O Cremerj também se manifestou diante da ameaça de demissão do médico. Em nota, afirmou que tem recebido diversas denúncias sobre a situação precária das UPAs geridas pelo governo estadual e está bastante preocupado com o caso. “Assim como vem acontecendo na UPA de Cabuçu, os médicos estão trabalhando sem condições adequadas e dignas, o que prejudica diretamente o atendimento à população”, disse o texto.

Segundo o Cremerj, essas unidades estão sendo sucateadas e, por isso, convocou, para a próxima semana, uma reunião com profissionais que atuam em UPAs. “Essas unidades enfrentam uma situação insustentável por conta da falta do repasse de verbas, já que o governo não prioriza a saúde pública”, afirmou o conselho.